sexta-feira, 24 de junho de 2011

Para refletir...

E depois do Genoma...Proteoma

   Com a conclusão do projeto genoma alguns pesquisadores se voltaram para outro desafio, a identificação de genes e o sequenciamento de proteínas. Uma pesquisa está diretamente ligada à outra, pois são as proteínas, como a hemoglobina e a insulina, que carregam as mensagems dos genes para controlar as funções do organismo. O trabalho é grande, pois cada um dos 30 mil genes pode produzir vários tipos de proteína. É o que os cientistas chamam de flexibilidade genética, característica de seres complexos como o homem.
O que define as propriedades do organismo não é exclusivamente o DNA, são as proteínas codificadas por ele. O processo é semelhante ao sequenciamento de genes: no genoma, os cientistas identificam a ordem das bases nitrogenadas A, C, G e T (que somam 3,1 bilhões de pares); no proteoma, estuda-se a combinação dos 20 tipos de aminoácidos, que podem assumir milhares de combinações. Uma vez definida a estrutura da proteína, é possível determinar sua função no organismo. A nova era que se inicia é a do proteoma.

O segredo para a complexidade do homem, portanto, não está no número de genes - igual ao do milho e pouco maior que o de um verme, por exemplo -, mas na capacidade de produzir uma diversidade maior de proteínas. O genoma humano servirá de trampolim para acelerar as pesquisas do proteoma, que ainda estão em estágio inicial.



Primeiro, no entanto, será preciso identificar onde começa e termina cada gene - um trabalho que poderá levar décadas. Apenas 1% de todo o código genético codifica proteínas. O grande desafio é distinguir os genes e suas funções. Os cientistas já isolaram 15 mil genes humanos, mas apenas 7 mil têm função conhecida.

A bactéria T. aquaticus e a Taq DNA polimerase

Arqueobactérias termófilas vivem em
ambientes com altíssimas temperaturas.
   A bactéria Thermus aquaticus é uma arqueobactéria termófila que possui grande importância para a biotecnologia.
   A DNA polimerase foi isolada em 1976, porém, poderia ser isolada na forma mais pura. Mais tarde, descobriu-se que teria grande uso em PCR, para amplificar pequenos segmentos de DNA. Antes da descoberta do DNA Taq, que provém da T. aquaticus, eram necessárias enzimas para serem adicionadas depois de cada ciclo de desnaturação do DNA, mas com o uso da Taq DNA polimerase não era mais necessário. A Taq polimerase tem uma atividade ótima em 72-80 graus Celsius e uma vida média de nove minutos, com 97,5°C, pode replicar 9000 pares de base em menos de 10 segundos.
   Esta enzima, assim que descoberta, foi logo clonada, sequenciada, e produzida em grandes quantidades para venda comercial.

O PGH e a Ética

Como todas as grandes descobertas científicas, o Projeto Genoma Humano, apesar da sua incontestável importância no campo de cura a denças genéticas, pode ser utilizado para fins pouco nobres.
A informação sobre os genes de um indivíduo poderia ser consultada, por exemplo, por potenciais empregadores, que queiram decidir quem contratar ou por seguradoras, para avaliar o histórico de uma pessoa que quer adquirir um seguro de vida. Além ( indo um pouquinho mais longe) de poderem ser também utilizadas pelas Forças Armadas, agências de adoção e escolas, dando lugar à discriminação genética, como se não bastasse os tantos tipos de discriminação já existentes.
 
 
Outra polêmica a ser considerada seria o melhoramento genético humano. Da mesma forma que as técnicas de terapia genética já são utilizadas na agricultura e na pecuária, por exemplo, para se obter vacas que dêem mais leite ou frutas de um tamanho e qualidade melhores, elas poderiam ser utilizadas para gerar indivíduos mais altos ou mais agressivos. Seriam "Projetos de Seres Humanos".
 
Por outro lado, não poderíamos olhar este tema sem ver seu lado positivo, que ainda sobressai a futuros eventuais problemas: Para algumas doenças, como a hipertensão ou a obesidade, as respostas do organismo ao ambiente que o cerca são decisivas. Para outras, no entanto, o componente genético é fundamental, e encontrá-lo constitui o primeiro passo para a sua cura. A terapia genética é a utilização direta do DNA, como um substituto para a cura de doenças hereditárias e adquiridas. Desde o seu começo, na década de 80 progrediu lentamente principalmente porque cada tipo de doença requer um tratamento particular. E além disso, é necessário superar várias etapas até se chegar à aplicação em pacientes. Atualmente as doenças mais investigadas são os diferentes tipos de câncer e a Aids, que ainda aterrorizam a raça humana.
 
Portanto, este novo método de tratamento de doenças genéticas (Genoma Humano) tem, que antes de tudo, deixar de ser motivo de rivalidade e cobiça de laboratórios e passar a ser um "Talvez" na melhoria ou não do futuro da humanidade.

Os benefícios do Projeto Genoma

As informações detalhadas sobre o DNA e o mapeamento genético dos organismos estão revolucionando  as explorações biológicas desde o início do Projeto Genoma, não só o humano. Na Medicina, por exemplo, o conhecimento sobre como os genes contribuem para a formação de doenças que envolvem um fator genético - como o câncer, por exemplo - tem levado a uma mudança da prática médica. Estamos entrando em uma nova fase, a da prevenção ao invés do tratamento de doenças hereditárias. Novas tecnologias clínicas estão surgindo, baseadas em diagnósticos de DNA; novas terapias baseadas em novas classes de remédios; novas técnicas imunoterápicas; prevenção em maior grau de doenças pelo conhecimento das condições ambientais que podem desencadeá-las; possível substituição de genes defeituosos através da terapia genética; produção de drogas medicinais por organismos geneticamente alterados.


O conhecimento da genética humana auxilia muito o conhecimento da biologia de outros animais, uma vez que esta não é muito diferente da biologia humana, permitindo também seu aperfeiçoamento e tornando os animais domésticos, por exemplo, mais resistentes à doenças.
As tecnologias, os recursos biológicos e os bancos de dados gerados pela pesquisa sobre o genoma promovem grande impacto nas indústrias relacionadas à biotecnologia, como a agricultura, a produção de energia, o controle do lixo, a despoluição ambiental.

Mas nem tudo é um mar de rosas...