sexta-feira, 24 de junho de 2011

Aqui também se faz ciência - Parte I: O Genoma da Xylella

Causadora da praga do amarelinho, a Xylella foi escolhida pela Fapesp como organismo para seu projeto genoma piloto por uma conjunção de fatores. Para citar os mais importantes: pelo fato de não haver no mundo, à época, outra pesquisa de sequenciamento de um fitopatógeno, sua importância econômica (cerca de 30% dos laranjais paulistas são afetados pelo amarelinho) e o tamanho de seu genoma (2,7 milhões de pares de bases, relativamente pequeno). Prova de que a escolha foi acertada é a fala de Peter Johnson, responsável por um dos maiores programas de financiamento de pesquisa do departamento de Agricultura norte-americano: "Meus caros, tenho para vocês uma boa e uma má notícia. A boa é a de que foi concluído o sequenciamento do primeiro fitopatógeno no mundo. A má é a de que não fomos nós que fizemos, mas um grupo brasileiro".

O reconhecimento da importância da pesquisa veio com a publicação do artigo científico descrevendo os resultados do projeto, na revista Nature, que aliás já havia publicado, em 1997, uma notícia dando conta do início do projeto, com destaque para o ineditismo da pesquisa com a bactéria. A publicação do artigo, como bem sabem os cientistas, é um importante fator de certificação do mérito da pesquisa e certamente fará aumentar as citações internacionais dos pesquisadores envolvidos no projeto e indiretamente da ciência brasileira. Enquanto isso, outros projetos genoma financiados pela Fapesp já estão em andamento.
Como consequência direta do Genoma Xylella, surgiu, em 1999, o Genoma Xylella Funcional, que buscou estudar apenas os genes de caráter patogênico da bactéria, ou seja, aqueles que mantêm relação com a praga do amarelinho. Desta etapa participaram cerca de 20 laboratórios, que no prazo de um ano deveriam apresentar seus primeiros resultados. Eles foram selecionados entre os cerca de 100 que apresentaram propostas à Fapesp. Como exemplo das pesquisas, há o estudo da biossíntese de goma xantana, substância viscosa produzida pela Xylella e uma das possíveis causas do entupimento dos vasos da laranjeira, o que causa o amarelinho.

Outro estudo em curso, utilizando novos métodos de microscopia eletrônica, é o da adesão bacteriana no trato bucal da cigarrinha que transmite a Xylella e sua influência na propagação da doença.

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